Brasilidade acima de tudo – Por João Teodoro

Assim como raridade é qualidade de quem, ou do que, é raro, e celebridade de quem é célebre, brasilidade é qualidade de quem, ou do que, é brasileiro. Pois bem! A ideia de escrever este artigo nada tem a ver com proselitismos políticos. Durante todo este ano eleitoral, jamais me dirigi aos meus colegas com manifestações de natureza política, muito menos partidária ou ideológica. Entretanto, como líder de uma das mais prestigiosas categorias profissionais regulamentadas por lei específica no Brasil, não me é dado o direito de omissão sobre a relevância do momento.

No dia 2 de outubro votamos para eleger um deputado federal, um estadual, um senador, um governador para nossos respectivos estados e o Presidente da República, nesta ordem, os quais, eleitos, exercerão mandatos pelos próximos quatro anos. A eleição do Presidente, assim como a dos governadores onde o candidato mais votado não logrou eleger-se no primeiro turno, passarão por uma segunda votação em 30 de outubro. O clima continua bastante tenso porque há polarização acentuada entre os candidatos a Presidente, que representam a esquerda e a direita. A candidatura que representaria a chamada terceira via, ainda que razoavelmente composta, não decolou.

Nosso país passou por um período relativamente tranquilo desde a proclamação da República, em 1889, até a era Vargas. Reinava a política do café com leite, uma espécie de revezamento de comando entre Minas Gerais e São Paulo. Contudo, quando o Presidente Washington Luiz (1926 a 1930) indicou como seu sucessor Júlio Prestes, paulista como ele, quando a vez seria de um mineiro, a situação azedou. Quebrado o acordo oligárquico, os mineiros uniram-se à Paraíba e ao Rio Grande do Sul e lançaram Getúlio Vargas como candidato.

O novo projeto político prometia romper de vez com a oligarquia composta por Minas e São Paulo. Júlio Prestes venceu, mas não levou. Antes da posse, a Revolução de 30 derrubou Washington Luiz e levou Getúlio ao poder ditatorial por 15 anos ininterruptos. Em 29 de outubro de 1945, pressionado, Vargas renunciou ao cargo. José Linhares assumiu por 94 dias. Depois, veio Gaspar Dutra, por 5 anos.  Em 29 de outubro de 1950, Vargas retorna ao poder democraticamente eleito. Todavia, sem tréguas da ferrenha oposição lacerdista, suicidou-se em 24 de agosto de 1954.

Depois de Vargas, em apenas 17 meses, o Brasil teve três presidentes: Café Filho (1 ano e 76 dias), Carlos Luz (3 dias) e Nereu Ramos (81 dias). Em 1956, elegeu-se Juscelino Kubitschek. Em 1961, foi eleito Jânio Quadros, que renunciou 206 dias depois. Em seguida, vieram Ranieri Mazzilli (13 dias) e João Goulart (2 anos e 208 dias), que abandonou o cargo. Reassumiu Ranieri Mazzilli por mais 13 dias, até que a Revolução de 1964 o destronou e empossou o General Humberto de Alencar Castelo Branco, dando início ao período militar encerrado em 15 de março de 1985.

Na sequência, tivemos Tancredo Neves, que morreu antes da posse, José Sarney, Collor de Mello, Itamar Franco, FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. Nosso histórico é péssimo! Mas, excluído o regime militar, a esquerda sempre prevaleceu. No entanto nosso atraso em relação aos EUA é abissal, apesar de nossa independência ter acontecido em 1822, apenas 46 anos depois da dos EUA (1776). A hora é de brasilidade! Esquerda ou direita? A opção é livre. Conhecemos bem o passado de ambos os candidatos. A decisão é simples e pessoal! Cada um deve votar naquele com cujo passado mais se identifica!

João Teodoro – Presidente do Cofeci