Promessas de Campanha: Entre o Compromisso e a Realidade Política em João Pessoa


Artigo por Rômulo Soares

A discrepância entre promessas eleitorais e sua efetivação no exercício do mandato é uma constante na política brasileira e João Pessoa não é exceção. À medida que nos aproximamos das eleições de 2026, esse fenômeno torna-se ainda mais evidente na capital paraibana, influenciando a confiança do eleitorado e moldando as estratégias políticas locais.

O Cenário Atual: Cumprimento das Promessas

Levantamentos e análises de mandato mostram que muitos vereadores de João Pessoa eleitos em 2020 ainda devem à população a realização efetiva de suas promessas de campanha. Projetos voltados para temas como mobilidade urbana, saúde pública, educação e segurança comunitária foram amplamente anunciados durante o pleito, mas o ritmo de execução tem sido lento.

Entre as principais constatações:

  • Cumprimento parcial: Boa parte das promessas foi iniciada, mas encontra-se em andamento ou emperrada em trâmites burocráticos dentro da Câmara Municipal ou do Executivo.
  • Iniciativas paradas: Várias propostas, especialmente ligadas a obras estruturais em bairros periféricos e incentivos à geração de emprego, permanecem no papel, sem avanços palpáveis.
  • Desconexão com a prática legislativa: Muitos vereadores concentraram seus mandatos em pautas diferentes daquelas prometidas durante a campanha, priorizando, em vários casos, homenagens e requerimentos protocolares, em detrimento de ações estruturantes.

Essa realidade reflete uma tendência preocupante de distanciamento entre discurso eleitoral e atuação efetiva, que vem desgastando a imagem do legislativo municipal.

Impacto nas Alianças Políticas e nas Eleições de 2026

O não cumprimento de promessas tem repercussões profundas nas alianças políticas que começam a ser desenhadas para 2026:

  • Desconfiança entre aliados locais: Vereadores que demonstraram baixo desempenho legislativo ou que abandonaram suas bandeiras eleitorais enfrentam resistência dentro dos próprios partidos e entre grupos de base, que agora reavaliam suas estratégias de apoio.
  • Reconfiguração de lideranças municipais: Novas figuras começam a emergir como potenciais candidatos a deputado estadual e federal, ocupando o espaço deixado por vereadores que não conseguiram consolidar seus projetos políticos.
  • Ajustes estratégicos: Partidos em João Pessoa, atentos à insatisfação popular, vêm buscando pré-candidatos que tenham histórico de realizações concretas ou que tragam propostas mais factíveis, para tentar reconquistar a confiança do eleitorado.

A corrida eleitoral para 2026 já se desenha sob o signo da cobrança por resultados palpáveis.

Percepção do Eleitorado

O eleitor pessoense demonstra crescente ceticismo em relação aos discursos de campanha:

  • Pesquisas de opinião informal e análises de redes sociais apontam que grande parte da população se sente traída pelas promessas não cumpridas, refletindo uma tendência nacional de desconfiança generalizada na política.
  • A expectativa é que, em 2026, haja aumento no voto crítico — tanto no fortalecimento de candidaturas de renovação quanto em índices de abstenção, votos brancos e nulos.

Essa descrença se torna ainda mais grave num contexto de crise econômica e social, onde a eficiência da gestão pública e a responsabilidade com a palavra empenhada ganham ainda mais peso na decisão do eleitor.

Conclusão

O descumprimento das promessas de campanha pelos vereadores de João Pessoa expõe um abismo entre o discurso e a prática política. Mais do que comprometer projetos individuais, essa postura mina a confiança na instituição legislativa e contamina o ambiente político às vésperas de 2026.

A pressão popular por maior seriedade e efetividade no cumprimento das promessas tende a se intensificar, forçando partidos e candidatos a reverem suas estratégias e a resgatarem o compromisso ético com o eleitorado sob pena de perderem espaço para novas lideranças ou serem varridos pelas urnas.