Setor imobiliário da Capital começa a reaquecer mesmo com pandemia

O mercado imobiliário de luxo, com apartamentos no valor de R$ 400 mil ou R$ 3,5 milhões, voltou a ser aquecido em João Pessoa, após os quatro primeiros meses da pandemia provocada pelo coronavírus.

O reaquecimento, começou a acontecer no mês de julho, após flexibilização do setor e por causa dos juros do financiamento que baixaram e estão em torno de 5% a 6,5% ao ano. Mas por outro lado, mesmo em plena pandemia, o nicho de mercado que não sofreu nenhuma dificuldade e surpreendeu, foi o de imóveis de baixa renda, vendidos através do programa Minha Casa, Minha Vida.

Os imóveis com valores entre R$ 80 mil até R$ 180 mil tiveram as vendas aceleradas neste período. Foi um crescimento de 30%, maior do que antes da pandemia quando o país estava vivenciando uma crise política. “Os imóveis destinados a população de baixa renda foi a exceção do setor, porque os imóveis mais caros passaram por uma forte crise até o mês de junho”, revelou o presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis 21ª Região – Creci-PB, Rômulo Soares.

Os condomínios mais caros da cidade estão nos bairros Altiplano Cabo Branco, Tambaú, Manaíra, Cabo Branco, Tambauzinho e Bairro dos Estados. “Estamos muito otimistas com o reaquecimento desse mercado e parabenizo o governador João Azevêdo e os prefeitos paraibanos pelas medidas adotadas buscando o controle da pandemia. Algumas delas impopulares, mas necessárias”, afirmou Rômulo Soares. Ele previu que após uma possível vacinação em massa, toda a população voltará ao normal do passado.

O reaquecimento do setor imobiliário na Paraíba também foi possível porque boa parcela da população acredita que investir em imóvel, ainda é uma das formas mais seguras de valorização de renda. Investimento em imóvel segundo os especialistas, oferece mais segurança, expectativa de valorização e durabilidade, seja casa, apartamento, flat ou imóvel comercial.  E se a opção for por comprar para alugar, o retorno do investimento ocorre de forma rápida.

O aumento do teto de financiamento usando recursos do FGTS, a redução dos juros e o controle da economia também foram fatores que influenciaram a retomada da procura por imóveis. Atentos a tudo isso e motivados por expectativas mais positivas para o futuro, os consumidores paraibanos voltaram a pesquisar imóveis com intenção de compra, seja para morar, trabalhar ou investir.

Para Rômulo Soares, a reabertura das imobiliárias e das construtoras no mês de julho, mesmo com os funcionários trabalhando remotamente, encorajou os consumidores. Utilizando máscaras e obedecendo a distância, eles começaram a visitar os escritórios e os estandes reaquecendo as vendas.

“O setor está acreditando que as vendas vão melhorar, principalmente a partir de janeiro”, pontuou o presidente do Creci-PB. Ele informou ainda que a procura por apartamentos em bairros nobres desde o mês de julho teve um aumento em torno de 20%, em relação a março, abril, maio e junho.

Legado

O legado que fica dessa pandemia, segundo Rômulo Soares, é que não há necessidade de uma grande estrutura física para tocar o mercado imobiliário. Basta se ter uma internet de qualidade para atender bem o consumidor. “Tanto o atendimento, como a conclusão da venda, inclusive com assinatura do contrato junto ao cartório, pode ser feito na modalidade eletrônica. Essa modalidade serve para quem está fora do estado ou em outro país. Desde que a pessoa tenha seu cadastro eletrônico no Brasil, que é a chamada assinatura digital”, explicou.

O presidente enfatizou que pelo menos três legados continuarão a serem utilizados e aperfeiçoados no período pós-pandemia: a tendência da tecnologia digital de todo o setor, a diminuição do elemento físico nas vendas e o planejamento antecipado pelos projetos.

O Creci-PB tem ajudado muito os corretores no tocante a era digital. “Nós lançamos em janeiro de 2016, o programa EducaCreci, que engloba treinamento, capacitação, palestras, seminários, congressos e cursos. E estaremos lançando ainda nesta semana a Faculdade Corporativa Digital, que vai oferecer mais de 40 cursos. A pessoa se matricula, faz o curso e no final recebe o certificado, tudo de forma digital.

Em João Pessoa, a maioria das imobiliárias está atendendo o público interessado em realizar o sonho da casa própria através das mídias sociais. O cliente pós cadastramento recebe as novidades e lançamentos do setor. Seja pelo programa Minha Casa, Minha Vida ou imóveis prontos com vendas a vista ou financiados, inclusive com o uso do FGTS.

José Alves – Jornal A União, terça-feira, 18/8/2020, página A-8.