Alta da Selic para 15% ao ano encarece financiamento imobiliário e exige adaptação do mercado

A elevação da taxa básica de juros impacta diretamente o poder de compra do consumidor e exige estratégias do setor imobiliário para manter a atividade aquecida

A recente alta da taxa Selic para 15% ao ano, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), gerou apreensão no mercado imobiliário e acendeu um alerta para os consumidores que planejam adquirir um imóvel financiado. O aumento representa não apenas uma medida de combate à inflação, mas também um obstáculo significativo para o acesso ao crédito habitacional.

A Selic, que influencia diretamente os juros cobrados nos financiamentos, impacta o valor final pago pelos compradores. Com o novo patamar, as parcelas dos financiamentos tendem a subir, tornando o crédito mais caro e menos acessível, principalmente para as famílias de renda média e baixa.

Segundo especialistas do setor, a elevação da taxa básica afeta negativamente o índice de aprovação de crédito, o volume de financiamentos concedidos e, consequentemente, o número de imóveis comercializados. “Com juros mais altos, o comprador precisa de uma renda maior para conseguir financiar o mesmo valor de imóvel que antes. Isso reduz a base de consumidores aptos a fechar negócio”, explica o economista Werton Oliveira, especialista em mercado imobiliário.

Reações do mercado

Com a retração do poder de compra, o setor imobiliário deve adotar estratégias para se adaptar à nova realidade. Construtoras e incorporadoras já estudam alternativas como a oferta de condições facilitadas, entrada reduzida, maior prazo para pagamento e parcerias com instituições financeiras para manter taxas mais atrativas dentro dos limites legais.

Além disso, cresce a tendência de negociações diretas entre comprador e vendedor, com condições personalizadas, sem intermediação bancária, como forma de driblar os juros elevados. Imóveis prontos e usados também passam a ganhar mais destaque frente aos lançamentos, em virtude de negociações mais flexíveis.

Impactos a médio e longo prazo

Especialistas acreditam que, se a Selic permanecer em patamar elevado por um período prolongado, o setor poderá enfrentar uma desaceleração nas vendas e redução nos lançamentos imobiliários. A instabilidade nos custos de financiamento desestimula novos projetos e afeta diretamente a cadeia produtiva da construção civil, com reflexos na geração de empregos e na arrecadação de impostos.

Contudo, há quem veja o momento como uma oportunidade para reorganização do mercado. “É um período de ajustes. O setor precisará buscar eficiência, reduzir custos e inovar na forma de comercialização”, destaca o presidente do Creci-PB, Rômulo Soares.

Momento exige cautela e planejamento

Para quem deseja comprar um imóvel, a recomendação dos especialistas é redobrar a atenção com o planejamento financeiro. Avaliar com cuidado o valor da entrada, a taxa de juros, o prazo de financiamento e a capacidade de pagamento são medidas essenciais para evitar o endividamento excessivo em um cenário de juros altos.

Já para o setor imobiliário, o desafio está em manter a atratividade dos empreendimentos, encontrar soluções criativas para o financiamento e acompanhar de perto os movimentos da economia.

Enquanto isso, o mercado segue em compasso de espera, atento aos próximos passos da política monetária e aos sinais de estabilidade econômica que possam permitir uma eventual flexibilização da Selic nos próximos trimestres.