Com avanço de tecnologias, saúde mental exige cuidados redobrados – Por Alane Farias, psicóloga

Psicóloga Alanne Raquel Fragoso de Farias

Ao início de cada ano, temos janeiro trazendo consigo a esperança de renovação e evolução. Novas metas são traçadas, desafios iniciados, majoritariamente com a intenção de promover uma mudança positiva na vida de todos aqueles que se dispõem a partilhar desse mesmo sentimento. Com isso, numa tentativa de estimular cada vez mais essa evolução e incentivar também a busca por melhorias na saúde mental coletiva, há uma campanha nacional de atenção a saúde mental no mês que leva a cor branca, para simbolizar paz, recomeços e a possibilidade de pintar uma nova história.

Há já alguns anos que temos sofrido significativamente com o avanço das tecnologias, a urgência e exigência das redes, a superficialização das relações e o consumo excessivo de conteúdos midiáticos com excessivos estímulos. Tudo isso tem interferido drasticamente no funcionamento do cérebro e em como este lida com todas essas informações e mudanças em tão pouco tempo, o que, por sua vez, reverbera em inúmeros adoecimentos psíquicos que tem afetado boa parte da população mundial atualmente.

É notório que um ambiente estressor, contribuirá para um adoecimento, no entanto, carecemos ainda de saber identificar quais são os gatilhos que nos afetam de maneira negativa e desenvolver estratégias para melhor lidar com as situações que surgirão no decorrer do dia para que estas não mais nos adoeçam.

A “necessidade” de estar sempre na ativa, ou “online” como costumamos ver nas principais redes de comunicação utilizadas, apresenta também alguns problemas, visto que tem-se, em um só lugar acesso a trabalho, estudos, família, amigos, lojas, programações, lazer e etc. A informatização das nossas principais atividades acaba ampliando o horário de trabalho, confundindo o horário de lazer, dificultando o estreitamento de laços e até amornando relações já sólidas, contribuindo para a já tão famosa “Sobrecarga mental”.

Principalmente se tratando de trabalhos onde há um serviço a ser prestado e tem-se de estar em contato frequente e diretamente com novas pessoas, é comum encontrar indivíduos que experienciem níveis elevados de ansiedade. Vale ressaltar que a ansiedade é um sentimento natural e importante para a nossa autopreservação, mas quando ocorre em demasia, causa enorme desconforto e apresenta-se com sintomas bem evidentes, interferindo negativamente e de maneira significativa em todas as áreas da vida do sujeito.

O trabalho de corretor de imóveis, é, sem dúvidas, uma das áreas que, devido a instabilidade do mercado e periculosidade enfrentada por aqueles que atuam no ramo, somado às outras questões já citadas, pode causar severo adoecimento psíquico quando houverem situações cotidianas que mantenham a pessoa nesse ciclo de sobrecarga, ansiedade e estresse. Há a necessidade então de um cuidado redobrado consigo e compreensão de que sendo humanos e passíveis de adoecimento, podemos também nos permitir expressar nossos sentimentos, antes que esses se expressem através dos sintomas, desabafar nossas angústias, acolher nossas inseguranças e respeitar nossos limites, com o discernimento também de  que saúde mental importa (e muito) e devemos zelar por ela e quando necessário, procurar ajuda de profissionais especializados que possam proporcionar bem-estar e facilitar o tão sonhado autoconhecimento.

Por Alanne Raquel Fragoso de Farias – Psicóloga CRP 13/9646 IS 02/00384