Mercado imobiliário: 5 tendências da pandemia que ficam em 2021

Apesar do impacto negativo da pandemia sobre a economia nacional, o setor imobiliário conseguiu manter um ritmo bem perto da normalidade. No mês de novembro de 2020, por exemplo, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), aumentou 1,82%, contra 1,71% em outubro, registrando o maior índice do ano, segundo o IBGE.

Os lançamentos também continuam a todo vapor, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), com 111.429 novas unidades à venda em outubro, aumento de 5,6% no acumulado de 12 meses. A resiliência do mercado imobiliário encontra eco na mudança de hábitos por conta da quarentena imposta pela Covid-19.

Confira algumas tendências que vieram para ficar, segundo os especialistas:

1. Mais espaço

O levantamento feito em julho passado pela ImovelWeb mostra que a procura por imóveis com quintal e mais espaço aumentou 96% em um ano. Por essa razão, as construtoras que vendem apartamentos estão buscando soluções para transformar condomínios em pólos para a família e para que as pessoas possam levar com conforto atividades para casa, como trabalho, escola, academia e lazer. “O bem-estar é apreciado mais de perto. A convivência em meio à pandemia está sendo construída diariamente, com as famílias sentindo a necessidade de ter um espaço organizado, aconchegante e setorizado para passar por tudo isso”, observa a arquiteta Renata Assarito, sócia de Camila Marino no escritório Studio M&A Arquitetura.

Dante Seferian, CEO da Danpris Construções e Empreendimentos Imobiliários, percebeu essa maior procura por espaço, por isso a empresa tem aumentado as varandas dos empreendimentos. “Sobre o quintal, muitas pessoas gostariam de ter esse espaço por causa dos animais de estimação, então grande parte dos prédios da construtora estão sendo projetados com pet place”, comenta o CEO, que aposta na tendência do condomínio clube.

Ele lançou um empreendimento nessa categoria em Itu, no interior de São Paulo, com oito torres, cinco quadras de esportes, pistas de cooper e de bicicleta, piscina aquecida coberta e descoberta com toboágua, salão de festas equipado, churrasqueira, além de um coworking. “Pode ser uma boa opção para quem, durante a pandemia, sofreu com o isolamento na capital e está repensando a forma que vai viver os próximos anos”, analisa.

2. Espaço para home office

Em 2020, essa tendência já entrou em alta logo no segundo trimestre do ano, mas promete continuar em 2021, já que muitas empresas declararam que este ano o trabalho será totalmente remoto.

Apartamentos que não contavam com espaços para trabalho tiveram que se adaptar para essa função, e muitos quartos de hóspedes se transformaram em escritórios.

Segundo a especialista no setor imobiliário, Arlene Gomes, a tendência para se adaptar a essa nova realidade é o apartamento do tipo estúdio, em que os mesmos móveis se “transformam” em outros para diferentes funções, como uma mesa de jantar que pode virar mesa de escritório. “Essa versatilidade de usos é algo que pode ser incorporado em nossa vida e, o melhor, ainda ajudar no bolso”, diz ela.

3. Novos refúgios

Como as pessoas ficam mais tempo dentro de casa, o caminho natural é dar mais atenção a esse espaço. “Elas passaram mais tempo do que o normal em casa no último ano, isso impactou no desejo de qualidade de vida maior dentro de casa”, acredita Seferian.

Com o home office instituído por muitas empresas, certos profissionais não precisam estar fisicamente no escritório todos os dias. “É possível trabalhar de qualquer lugar, por isso também aumentou a procura por casas na praia ou no campo”, constata Alexandre Villas, diretor da Lopes, que administra a Imóvel A, que relata também o aumento de procura por esses imóveis, principalmente nos condomínios de luxo no interior de São Paulo.

4. Coworking

A implantação de coworking em áreas comuns dos edifícios disponibiliza um espaço no condomínio para que os moradores possam realizar o seu home office ali mesmo, sem a necessidade de ir até as empresas. Esses escritórios possuem o necessário para um dia de trabalho, com pouco ou nenhum barulho e, o melhor, zero trânsito. “Esses espaços incentivam compartilhar as áreas comuns do local, aliando qualidade de vida e trabalho”, constata Arlene.

5. Atendimento virtual

Muitos consumidores não têm tempo para se deslocar ou preferem não sair por conta da quarenta para avaliar detalhadamente os imóveis. Para atender essa nova demanda, as construtoras e incorporadoras oferecem atendimentos de ponta aos clientes, usando plataformas tecnológicas, como os apps que contam com inteligência artificial. Assim, é possível visualizar um imóvel apenas com alguns toques no celular.

“As mudanças de comportamento, tanto do consumidor quanto da economia, impactam as novas tendências imobiliárias. A tecnologia, nesse momento, serve como uma grande aliada”, afirma Arlene.

A inteligência artificial é tendência no mercado imobiliário, com a qual é possível buscar imóveis e conhecê-los primeiro por meio de vídeos e de fotos. Existe ainda o decorado virtual, uma experiência que proporciona um passeio em 360° em todos os ambientes que o compõem.

Em seu escritório, as arquitetas Renata Assarito e Camila Marino, adaptaram a forma de atuação, com reuniões via call durante as fases de projeto e apresentações e ligações por vídeo com os clientes dentro da obra, para evitar aglomerações. “As visitas presenciais acontecem apenas em momentos estratégicos e imprescindíveis”, diz Camila.

Fonte: Revista Casa e Jardim