Mesmo com Juros Altos, Financiamento Bancário Permanece como Primeira Opção para Aquisição de Imóveis


Artigo por Rômulo Soares

No atual cenário econômico do Brasil, caracterizado por taxas de juros elevadas, o financiamento bancário continua sendo a principal opção para aqueles que buscam adquirir a casa própria. Em 2024, os financiamentos imobiliários com recursos da poupança somaram R$ 186,7 bilhões, registrando um aumento de 22,3% em comparação ao ano anterior, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Apesar desse crescimento no volume de crédito, o ano de 2025 traz uma perspectiva diferente. A previsão é de uma retração de 15% a 20% no volume de financiamento imobiliário, com um total estimado de R$ 155 bilhões. A explicação para essa queda está diretamente relacionada ao aumento da taxa básica de juros, a Selic, que foi ajustada para 13,25% ao ano no final de 2024 e pode chegar a 15% em 2025. Esse cenário de juros elevados impacta diretamente os custos dos empréstimos e financiamentos, tornando-os mais onerosos para os consumidores.

Financiamento Bancário Ainda é a Primeira Escolha

Mesmo com as dificuldades impostas pelos juros altos, o financiamento bancário permanece a alternativa mais viável para 65% dos consumidores que desejam adquirir um imóvel, segundo pesquisa recente. Em comparação, apenas 19% dos entrevistados consideram os empréstimos pessoais como uma opção, enquanto 16% mencionam os consórcios imobiliários.

Esses dados mostram que, mesmo em um cenário de encarecimento do crédito, o financiamento ainda é a forma mais acessível e segura de realizar o sonho da casa própria para grande parte da população brasileira. A robustez dos sistemas bancários e as opções de parcelamento em longo prazo tornam essa modalidade atraente, especialmente para aqueles que não possuem o capital necessário para pagar à vista.

O Impacto dos Juros Altos

No entanto, o aumento das taxas de juros pode ter um efeito direto sobre o valor máximo de crédito aprovado, afetando principalmente a classe média, que busca imóveis de padrão médio. Para esse público, o aumento das taxas de juros tem dificultado a aprovação de financiamentos com o valor total desejado, já que as parcelas se tornam mais altas e o custo total do empréstimo aumenta consideravelmente.

Esse cenário é mais preocupante em segmentos imobiliários que não se enquadram em programas como o Minha Casa, Minha Vida, como os imóveis de padrão médio, que têm sentido com mais intensidade a escassez de crédito. Essa dificuldade de acesso a financiamento impacta o poder de compra da classe média, restringindo as opções de imóveis e dificultando a realização do sonho da casa própria.

O Papel do Governo e as Alternativas ao Financiamento Tradicional

Para minimizar os efeitos do aumento dos juros sobre as famílias de baixa renda, o governo federal tem investido no programa Casa Verde e Amarela. Lançado como uma reestruturação do Minha Casa, Minha Vida, o programa oferece financiamento com taxas reduzidas, o que ajuda a viabilizar a compra de imóveis para as famílias que mais necessitam. Além disso, o Casa Verde e Amarela também contempla ações de regularização fundiária e melhorias habitacionais, ampliando o acesso à moradia digna para a população mais vulnerável.

Além disso, o consórcio imobiliário surge como uma alternativa ao financiamento tradicional. Embora o consórcio exija um tempo maior para a aquisição do imóvel, ele não depende das altas taxas de juros dos financiamentos bancários, sendo uma opção interessante para quem não tem pressa e deseja evitar a dívida de longo prazo com juros elevados.

Desafios e Oportunidades

Em meio a esse cenário desafiador, especialistas afirmam que os consumidores devem ter cautela ao considerar as condições de financiamento oferecidas pelas instituições financeiras. É fundamental fazer uma análise detalhada das taxas de juros, prazos e encargos para avaliar a real viabilidade de um financiamento. Também é importante considerar alternativas, como consórcios e programas governamentais, para minimizar os impactos dos juros elevados e garantir condições mais favoráveis na aquisição do imóvel.

O financiamento bancário continua sendo a principal opção para a aquisição da casa própria no Brasil, mesmo em um contexto de juros altos. No entanto, com o aumento das taxas de juros e a restrição de crédito, é preciso um planejamento financeiro mais cuidadoso e uma busca por alternativas que possam viabilizar o acesso à moradia de forma mais acessível e sustentável.

Conclusão

Embora os juros elevados representem um desafio para o mercado imobiliário, o financiamento bancário permanece como a principal ferramenta para a aquisição da casa própria. Para que essa opção continue viável, é essencial que os consumidores considerem todas as alternativas disponíveis, adotem um planejamento financeiro rigoroso e fiquem atentos às oportunidades oferecidas por programas como o Casa Verde e Amarela e consórcios imobiliários. Com isso, será possível superar as dificuldades impostas pela alta de juros e realizar o sonho da casa própria de forma mais acessível.