O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, em 7 de maio de 2025, um novo aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, elevando-a para 14,75% ao ano — o maior patamar desde 2006. A medida visa conter a inflação persistente, mas já provoca efeitos significativos na economia e, especialmente, no mercado imobiliário brasileiro.
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Economia em Ritmo Mais Lento
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou preocupação com os impactos da política monetária contracionista. A entidade projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 2,3% em 2025, abaixo dos 3,4% registrados em 2024, e estima que a indústria crescerá somente 2% ante os 3,3% do ano anterior. Segundo a CNI, “a elevação da Selic traz riscos significativos à economia, que está em processo de desaceleração mais acentuado do que esperávamos no final de 2024”.
Além disso, a alta dos juros encarece o crédito, desestimula o consumo e reduz a competitividade do setor produtivo, contribuindo para o fechamento de empresas e postos de trabalho.
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Financiamento Imobiliário Mais Caro
O aumento da Selic impacta diretamente o custo dos financiamentos imobiliários. Como os bancos ajustam suas taxas com base na Selic, os compradores passam a pagar parcelas mais altas ao financiar um imóvel. Segundo especialistas, uma elevação de 1 ponto percentual na Selic resulta, em média, em um aumento de 0,43 ponto percentual nas taxas de financiamento imobiliário.
Para os consumidores, isso significa a necessidade de reavaliar orçamentos ou até mesmo adiar planos de aquisição. A classe média, que depende fortemente de financiamentos para aquisição da casa própria, é particularmente afetada.
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Pressão no Mercado de Aluguéis
Com o encarecimento dos financiamentos, muitas famílias optam por alugar imóveis, aumentando a demanda por locação. Esse movimento pressiona os preços dos aluguéis, tornando o aluguel a única alternativa viável para muitas famílias. Especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas que incentivem a construção de moradias destinadas à locação.
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Estratégias para Mitigar os Impactos
Diante do cenário de juros elevados, especialistas recomendam algumas estratégias para quem busca adquirir um imóvel:
- Aumentar o valor da entrada: direcionar mais recursos para a entrada reduz o valor financiado e, consequentemente, o montante sobre o qual incidirão os juros.
- Reduzir o prazo do financiamento: optar por prazos mais curtos, aceitando parcelas iniciais maiores em troca de uma redução significativa no custo total.
- Escolher o sistema de amortização adequado: o Sistema de Amortização Constante (SAC) pode ser mais vantajoso em cenários de juros elevados.
- Utilizar o FGTS para amortização periódica: usar o saldo do FGTS a cada 2 anos para amortizar o saldo devedor do financiamento pode reduzir o prazo total do financiamento.
- Buscar portabilidade após início da queda da Selic: transferir o financiamento para outra instituição quando a Selic começar a cair, buscando taxas mais atrativas.
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Perspectivas para o Setor Imobiliário
Apesar dos desafios, o mercado imobiliário brasileiro tem mostrado resiliência. Em 2024, o setor registrou um crescimento superior a 20%, consolidando-se como um dos principais investimentos de longo prazo no país . No entanto, a expectativa para 2025 é de um ambiente mais restritivo, devido à elevação dos juros, à redução dos recursos da poupança disponíveis para crédito e ao cenário de instabilidade fiscal e política no país.
Em resposta, incorporadoras e construtoras têm adotado estratégias como promoções e incentivos para contornar a baixa demanda. Além disso, alternativas de financiamento, como o crowdfunding imobiliário e parcerias privadas, emergem como opções para viabilizar projetos .